A vida pode ser difícil, com todos os seus desafios, situações estressantes, doenças e conflitos. Muitas pessoas vem ao meu consultório em meio às suas lutas, buscando desesperadamente uma vida melhor.
Mas, ao passo que as ensino estratégias práticas que as ajudarão a lidar com as situações difíceis, também descobri que a maneira como compreendemos ser a realidade — como funciona a vida — tem um direto impacto em como entendemos o que está ocorrendo conosco e com nossa habilidade de lidar com o estresse.
A medida que percorremos pela estrada da vida, nos deparamos com obstáculos e buracos, escolhemos caminhos errados, e as vezes até sofremos acidentes — mas a mentalidade, a compreensão, a atitude, e crenças que temos durante a jornada hão de determinar não apenas as nossas reações quando nos deparamos com os desafios estressantes da vida, como também até determinarão quais caminhos escolhemos.
Sim, é possível aprender a escolher caminhos mais suaves, a antecipar e evitar os buracos da vida, e permanecer no curso de nossos objetivos eternos, para que quando a vida nos atingir com fúria, embora fiquemos feridos e machucados, jamais seremos derrotados.
Nem todos os meios de viagem são igualmente saudáveis, adaptáveis, ou capazes de auxiliar-nos a passar por essas situações difíceis. Ao viajar pelos caminhos da vida, considere a maneira como você gostaria de percorre-los:
Caminhando na Ignorância
Muitos no mundo hoje mais tropeçam do que caminham. Não têm um conhecimento de Deus, e nem tampouco têm uma compreensão dos métodos de Deus e de como Ele arquitetou a vida à operar. Estes não buscam o mal propositalmente; não estão buscando fazer dano; e não são predadores. Este grupo de pessoas almeja uma vida melhor, mas estão perdidos em sua ignorância. Com afinco, buscam lidar com situações dolorosas, mas ficam desanimados quando seus esforços não lhes trazem paz duradoura. O apóstolo Paulo descreve estas pessoas carentes da seguinte maneira:
Naquela época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo (Efésios 2:12 NVI).
Neste mundo de pecado, não há esperança de completar a jornada da vida com sucesso sem Deus. Contudo, a Bíblia também nos diz que há esperança para aqueles que vivem na ignorância:
Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância. Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo” (1 Pedro 1:14-16 NVI).
Aqueles que andam na ignorância não precisam ficar na ignorância. Jesus é a luz que ilumina todas as mentes (João 1:9). Quando passamos a conhecer Jesus como Deus, como nosso Criador, o qual é amor e cujas leis são a realidade sob a qual nossas vidas são arquitetadas, não somente desenvolvemos um relacionamento com Ele que conduz à salvação, como também nossas mentes são iluminadas para poder compreender como a vida funciona. Desenvolvemos novos discernimentos que nos capacitam a saber quais caminhos que devemos tomar, caminhos que nos mantém na direção correta (Hebreus 5:14).
Aqueles que caminham na ignorância são aqueles que não conhecem a Deus e Seus métodos de amor. Se você está caminhando na ignorância, eu o encorajo a conhecer a Deus, pois este é o caminho para a vida eterna. (João 17:3)
Caminhando no Analfabetismo
Muitos daqueles que vem ao meu consultório sobrecarregados de ansiedade e estresse indentificam-se como sendo “Cristãos.” Eles frequentam à igreja, e a maioria de seus amigos também são “Cristãos.” No entanto, eles não tem nenhum conhecimento real da Bíblia. Eles dizem que acreditam em Deus, mas são analfabetos em relação à Bíblia. Em um artigo publicado na internet chamado “O Escândalo do Analfabetismo Bíblico: É o Nosso Problema,” o Dr. R. Albert Mohler Jr. assim escreve:
Os pesquisadores George Callup e Jim Castelli identificaram o problema com precisão: “Os Americanos reverenciam a Bíblia — mas em geral não a lêem. E porque não a lêem se tornaram uma nação de analfabetos Bíblicos.” Quão grave é a situação? Os pesquisadores nos dizem que é pior do que muitos imaginam.
Menos da metade de todos os adultos conseguem mencionar os quatro evangelhos. Muitos Cristãos não são capazes de identificar mais que dois ou três dos discípulos. De acordo com dados provindos do Barna Research Group, 60% dos Americanos não são capazes de nem ao menos mencionar cinco dos dez mandamentos. “Não é de surpreender que as pessoas constantemente quebram os dez mandamentos. Elas não sabem,” diz George Barna, presidente da empresa. No final, o mais importante? “A América esta cada vez mais analfabeta com relação à Bíblia.” [veja o website Barna Group.]
Múltiplas pesquisas revelam o problema em termos preocupantes. De acordo com 82% dos Americanos, “Deus ajuda aqueles que se ajudam,” é um verso da Bíblia. Aqueles que identificam-se como Cristãos praticantes fizeram melhor — em 1%. A maioria dos adultos acham que a Bíblia ensina que o propósito mais importante da vida é cuidar da família.
Algumas das estatísticas trazem perplexidade ate àqueles que estão cientes do problema. Uma pesquisa do Barna Research Group indicou que pelo menos 12% dos adultos acreditam que Joana d’Arc era a esposa de Noé. Outra pesquisa feita entre formandos do segundo grau revelou que mais de 50% pensavam que Sodoma e Gomorra eram marido e mulher. Um número considerável de pessoas que responderam a outra pesquisa indicaram que o Sermão da Montanha foi pregado por Billy Graham. [1]
Por mais inacreditável que possa ser para você, eu posso confirmar a veracidade disso tudo. Quando eu pergunto para os meus pacientes Cristãos se eles conhecem algumas das histórias mais básicas da Bíblia, a maioria admite que não.
A Bíblia nos diz que os eventos históricos que ela relata têm um propósito:
Essas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles fizeram. Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos. (1 Coríntios 10:6, 11 NVI).
A Bíblia está repleta de histórias com a finalidade de nos educar, iluminar e inspirar — para nos ensinar sobre Deus, Seu caráter e Suas leis naturais para a vida e para nos mostrar o que acontece quando escolhemos quebrar Seus protocolos projetados para a vida. Estas histórias também dão evidências da bondade, graça e gentileza de Deus, mostrando que Ele é como um pai amoroso que jamais necessita ser influenciado a ser bondoso para conosco e está sempre buscando o nosso bem. De fato, como pergunta Paulo, você não reconhece “que a bondade de Deus o leva ao arrependimento?” (Romanos 2:4 NVI).
É lendo as histórias da Bíblia e vendo um assassino, (Moisés), sendo transformado em um amigo íntimo de Deus e sendo levado para o céu — ou um traidor, adúltero, e assassino (Davi) recebendo um novo coração e espírito reto para se tornar um homen segundo o coração de Deus; ou um rei (Manasés) o qual conduziu a nação à mais perversa idolatria, participando ele mesmo em sacrifícios de crianças sendo restaurado à justiça — que vemos a bondade de Deus e somos levados a depositar nossa confiança nEle. Podemos afirmar, “Se Deus pode perdoar, curar, e salvar estas pessoas, então Ele também pode me curar e salvar, se eu Lhe permitir.”
Há também as histórias de pessoas como José ou Jó. Podemos ler sobre como foram fiéis e verdadeiros e mesmo assim foram traídos e sofreram perdas terríveis por causa da maldade de outros; mesmo assim, lemos que quando mantiveram sua confiança em Deus através de suas provações dolorosas, viram que Deus transformou o mal em um benefício. Estas histórias nos inspiram com esperança e nos dão uma perspectiva maior dos nossos problemas imediatos, permitindo a possibilidade de estarmos servindo a um propósito mais alto do que podemos compreender agora.
Uma autora Cristã colocou dessa forma:
Deus não conduz jamais Seus filhos de maneira diferente da que eles escolheriam se pudessem ver o fim desde o princípio, e discernir a glória do propósito que estão realizando como Seus colaboradores. — A Ciência do Bom Viver, 479
Mas se não conhecemos a história, a realidade das ações de Deus ao longo do tempo, quando a vida trás problemas, somos propensos a duvidar de Deus — perdemos a esperança, ficamos desanimados, e com freqüência simplesmente desistimos.
Aqueles que caminham no analfabetismo reivindicam uma crença em Deus, mas na verdade não sabem o que Ele está fazendo. Eu te encorajo a ler a respeito da mão de Deus na história, para que você não tenha mais uma fé que tropeça no analfabetismo Bíblico.
Caminhando na Infantilidade
Estes são aqueles que acreditam em Deus, e Lhe deram seu coração, mas nunca amadureceram no entendimento dos métodos e princípios de Deus. Caminham pela vida seguindo as instruções de um outro ser humano. Colocam sua confiança nos testemunhos ou experiencias de outros, permitindo que estes sejam seus guias. Não analisaram os fatos por si próprios; não desenvolveram sua própria habilidade em diferenciar a verdade do erro. Constantemente estão à busca de alguma autoridade (pastor, padre, uma lista de crenças, um credo, um comentário Bíblico) para lhes dizer como agir ou no que acreditar.
No entanto, estes crentes sinceros vivem com medo — de cometer um erro, de serem enganados, de serem desencaminhados, ou de não fazer algo da forma correta. Eles temem pensar por si próprios, temem estar errados, então submetem a outros suas decisões. A Bíblia assim descreve tais pessoas:
Quanto a isso, temos muito que dizer, coisas difíceis de explicar, porque vocês se tornaram lentos para aprender. 12 Embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido! 13 Quem se alimenta de leite ainda é criança, e não tem experiência no ensino da justiça. 14 Mas o alimento sólido é para os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para discernir tanto o bem quanto o mal (Hebreus 5:11-14 NVI).
Permitir que outros pensem por nós impede o desenvolvimento de nossa capacidade de pensar por nós próprios. Se não sabemos porque a verdade é a verdade e porque uma mentira é uma mentira, então não estamos firmados na verdade. Em outras palavras, somos vulneráveis a crer em mentiras, a nos desviar do caminho; não estamos intimamente familiarizados com a justiça, vivendo em harmonia com Deus de maneira inteligente e proposital, para que nada nos possa enganar.
Deus deseja que amadureçamos, que aprendamos a pensar e a raciocinar por nós mesmos. (Isaías 1:18-20; Romanos 14:5). Quando assim fazemos, torna-se mais fácil lidar com a vida porque temos maior discernimento e compreensão com relação àquilo que está ocorrendo e, assim, podemos fazer escolhas em harmonia com os princípios de Deus para lidar com os desafios da vida.
Aqueles que caminham na infantilidade são aqueles que permitem os outros guiá-los através da vida e nunca aprendem a pensar por si mesmos. Se você tem andado na infantilidade, lhe encorajo a crescer em Cristo, a desenvolver, através da prática a habilidade de discernir a verdade da mentira, a fixar seus olhos em Cristo e parar de permitir que os outros pensem por você.
Na próxima parte terminaremos de explorar A Jornada da Vida: Os Caminhos Pelos Quais Percorremos.
[1] https://albertmohler.com/2016/01/20/the-scandal-of-biblical-illiteracy-its-our-problem-4/
Título original: The Journey of Life: The Roads We Travel — Part 1
Traduzido e editado por
Norma Jeanne Leite, Cleber S.Souza